Me lembro dele. Conversávamos muito pela Internet. Mas é uma memória tão
difusa e rarefeita que poderia muito bem ser um sonho. Parece uma
memória de uma vida passada. Não lembro do nome dele, nem de onde
conheci, nem se nos vimos ao vivo. Mas me lembro dele. Talvez de fato
foi em outra vida, eu não sou mais a mesma. Nessa memória-névoa imagino
um rosto, que certamente não é o dele. A única certeza que tenho é que
ele me falava sobre redenção. Por diversas vezes, madrugada a dentro,
ele me falava sobre redenção. Ele me dizia que a única coisa que restava
era a redenção, e que nela residia toda a esperança. Me lembrei dele
quando reencontrei Walter Benjamin e seus escritos confeccionados em
estado de guerra. Agora eu mesma em estado de guerra. Para Benjamin a
felicidade está na redenção através da reparação do abandono e desolação
do passado. É na rememoração e consciência das injustiças do passado
que ganhamos forças para seguir adiante e dar continuidade à tarefa
iniciada por nossos antepassados. A redenção não é fruto do presente de
um Messias. Está em nós, em carne - osso e sangue, a força redentora -
ou revolucionária - que enfim trará a felicidade.
Não sei se você existe ainda ou um dia existiu, mas se pudesse retomar a conversa de décadas atrás, te diria sobre Benjamin, e como é bonito quando ele diz que nós fomos esperados sobre a Terra para comparecer à um encontro secreto marcado entre gerações. Que nos foi dada, assim como a cada geração que nos procedeu, uma fraca força redentora sonhada pelo passado. E te diria também que essa pretensão do passado que carregamos conosco não pode ser descartada sem custo. O custo da guerra. Esse custo que estamos vivendo exatamente agora, quando a força e violência reacionária necrófila vê na calamidade a grande oportunidade de celebrar sua fúria condenando ao abandono e miséria aqueles que foram sonhados um dia.
E te diria que sim, nossa esperança está na redenção. Que ela desperte em nossas carnes.
Não sei se você existe ainda ou um dia existiu, mas se pudesse retomar a conversa de décadas atrás, te diria sobre Benjamin, e como é bonito quando ele diz que nós fomos esperados sobre a Terra para comparecer à um encontro secreto marcado entre gerações. Que nos foi dada, assim como a cada geração que nos procedeu, uma fraca força redentora sonhada pelo passado. E te diria também que essa pretensão do passado que carregamos conosco não pode ser descartada sem custo. O custo da guerra. Esse custo que estamos vivendo exatamente agora, quando a força e violência reacionária necrófila vê na calamidade a grande oportunidade de celebrar sua fúria condenando ao abandono e miséria aqueles que foram sonhados um dia.
E te diria que sim, nossa esperança está na redenção. Que ela desperte em nossas carnes.
Imagem: Serra da Canastra, 2017. Em viagem com o Érico. O carro quebrou, voltamos de guincho.
Melhor brog
ResponderExcluiroi clari, te amo
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